No mundo da moda mainstream, onde a qualidade e a ética relacionadas a um produto nem sempre são claras, existem mitos ou equívocos amplamente aceitos que são difíceis de dissipar. Esse é o caso nas discussões sobre os materiais usados para substituir o couro. Há uma noção errônea de que esses materiais são ruins para o meio ambiente ou são de menor qualidade se comparados ao couro feito a partir da pele dos animais.
Os materiais feitos para substituir o couro não são todos produzidos da mesma maneira. Existem vários graus de qualidade e sustentabilidade na produção de tecidos têxteis que caem sob o amplo guarda-chuva dos “não-couros”.
No entanto, o mercado vem respondendo de forma positiva ao movimento crescente de pessoas querendo viver de maneira mais sustentável. As pessoas estão cada vez mais interessadas e conscientes sobre suas opções de compra. Assim, é possível observar um aumento no número de produtos feitos de maneira ética e mais responsável para com o meio ambiente.
Confira 5 materiais usados para substituir o couro que são mais sustentáveis:
Cortiça
Esse material é feito a partir da casca do sobreiro, um tipo de carvalho europeu que está sendo muito usado na moda vegan e eco-friendly. O material é versátil, natural, sustentável e bem visto por sua capacidade de manter a resistência e durabilidade, mesmo em espessuras finas.
Camurça-Eco
Esse tipo de camurça tem a mesma aparência da camurça feita a partir de peles de animais, porém é menos extensiva no uso de recursos naturais e sem crueldade com os animais. Algumas marcas usam uma ultra microfibra de camurça-eco feita com 100% poliéster reciclado reconstituído a partir de materiais pós-industriais, como filme plástico de sucata.
Além do material ser feito a partir de plásticos que seriam descartados, ele tem outros benefícios de sustentabilidade quando comparado ao couro feito a partir de peles de animais.
A indústria de curtumes está entre as mais tóxicas do mundo, responsável pela poluição de comunidades inteiras, localizadas próximas de suas fábricas, por produtos químicos tóxicos e resíduos. Dos 270 curtumes localizados em Bangladesh, cerca de 90% deles estão localizados em Hazaribagh em Dhaka, que, em 2013, foi listado pelo Instituto Blacksmith como uma das 10 ameaças tóxicas do mundo. O relatório afirma que, em uma base diária, os curtumes despejam 22.000 litros cúbicos de resíduos tóxicos no rio Buriganga, o rio principal de Dhaka. A Human Rights Watch detalhou as repercussões na saúde dos curtumes em Hazaribagh em um relatório de 102 páginas publicado em 2012.
Algodão encerado
Criado inicialmente como um tecido de desempenho para ser utilizado na indústria de vela, o algodão encerado é um tecido durável conhecido por sua flexibilidade, longevidade e resistência à água. Após sua criação, a lona encerada rapidamente substituiu o tecido à base de petróleo como a melhor alternativa para tecidos resistentes à água.
A lona encerada é uma alternativa para couro pois tem boa usabilidade e desenvolve até mesmo cicatrizes e pátinas como o couro. Quando preservada adequadamente, uma bolsa de lona encerada ou jaqueta pode durar uma vida.
Tyvek reciclado
Tyvek é uma marca de fibras de polietileno de alta densidade, super durável, resistente à água e leve. Sua respirabilidade e durabilidade são os fatores responsáveis por fazer com que seja uma escolha inteligente e uma excelente alternativa vegan e eco-friendly ao couro.
Pinãtex
Uma inovação recente no mercado têxtil é um tecido não-tecido feito a partir das folhas do abacaxi. As folhas de abacaxi usadas para criar o Pinãtex são subprodutos da colheita de abacaxi, ou seja, não há nenhum gasto adicional necessário (água, fertilizantes, entre outros) na obtenção das folhas, que de outra forma seriam descartadas como resíduos.
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