Milhares de chinelos velhos descartados vão parar nas praias. Eis que surge a pergunta: o que se pode fazer a respeito?
A proposta upcycling, de um projeto social no Quênia e de um designer holandês, é transformar os chinelos em obras de arte e objetos de decoração. Criada em 2005 pela ativista e artista Julie Church, a empresa de reciclagem Ocean Sole tem como proposta aumentar a conscientização sobre a poluição dos oceanos e do meio ambiente. Ela atua com comunidades pobres no Quênia para transformar milhares de chinelos velhos que são recolhidos nas praias do país em obras de arte, objetos de decoração e joias.
Em diversos países pobres como o Quênia na África, os chinelos são a principal escolha das pessoas devido sua acessibilidade e conveniência. Isso significa um grande negócio, pois as vendas globais de chinelos somam 15 bilhões por ano, mais do que o mercado de calçados esportivos. Em sua grande maioria, os chinelos são feitos com espuma de poliuretano, o que os torna extremamente baratos para comprar. Por outro lado, não são projetados para durar.
Ameaça ambiental
Uma vez que os chinelos se desgastam e são descartados, milhares deles são transportados pelos esgotos, rios e outros cursos de água e acabam despejados nas zonas costeiras do Quênia a cada ano. Ao mesmo tempo, milhares de chinelos e outros resíduos de plástico acabam nas mesmas margens, trazidos pelas correntes oceânicas de lugares distantes como China e Indonésia. Essa “sopa” de plástico e borracha, além de estragar a beleza natural do ambiente, é um grande perigo para os animais selvagens que vivem lá.
Os chinelos que chegam na costa do Quênia são limpos e recolhidos pela Ocean Sole. Eles são lavados, lixados e colados em grandes blocos, que servem como a base material para uma equipe de artesão locais criarem elefantes, girafas, leões, rinocerontes ou qualquer outro animal africano.
A Ocean Sole visa reciclar cerca de 400.000 chinelos da costa queniana a cada ano, reduzindo a poluição de plástico nas praias do país ao criar uma conscientização local sobre a poluição e a reciclagem. A empresa também está gerando oportunidades de trabalho locais. O Quênia tem uma taxa de desemprego elevado, com cerca de 40% da população desempregada. Em sua sede em Nairobi, a Ocean Sole proporciona trabalho para cerca de 100 pessoas. Além disso, um grande número de pessoas é pago para coletar chinelos descartados.
A empresa ajuda também na redução do desmatamento no Quênia. Muitos dos artistas que trabalham para a Ocean Sole vêm de tribos conhecidas por suas esculturas em madeira, que são compradas em grande demanda entre os turistas. Ao trocar para os chinelos como matéria prima, o corte de madeiras tropicais é reduzido.
A fundadora da Ocean Sole, Julie Church diz: “Meu objetivo é criar uma mudança na forma como as pessoas vivem e mudar a forma como as pessoas entendem o mundo e suas conexões”.
O designer holandês Diederik Schneeman criou uma incrível coleção de objetos de decoração e móveis feitos a partir de chinelos velhos recolhidos em Nairobi no Quênia. A coleção inclui luminárias, vasos, cestas, banquinhos e uma mesa.
Fonte (adaptação): www.stylourbano.com.br/stylo-urbanoartesaos-transformam-chinelos-velhos-em-obras-de-arte-e-objetos-de-decoracao
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